Renata (a nutricionista), que significa Renascida. É engraçado como o nome às vezes combina com seus respectivos donos, mas dessa vez a pessoa que carregava proporcionava-o a mim (embora verdade seja que amassei como papel velho e joguei no lixo). Mas é realmente magnífica a vontade de que muitas pessoas teem de ajudar aos outros. Ela era uma dessas.
Conheci-a no início do 3º dia. Uma moça loira, alta, corpulenta, olhos claros e voz suave. Estava no banho já imaginando na revolta que ia soltar em cima dela, imagine uma estranha querendo escolher o que ou se eu ia comer. Mas a atitude foi outra quando saí, a verdade é que a intenção é bem desproporcional aos nossos atos. Ela conversava com Dona Ernestina, minha vizinha de leito e ao contrário dos outros que tinha encontrado pelo caminho, ela sabia escutar o que a pessoa queria. Ela não impunha simplesmente, procurava saber o que você queria e depois mostrava a opinião dela sobre e junto com o paciente chegava no melhor consenso.
A princípio, não podia comer nada sólido. Começaria mais uma vez do zero, mastigar era complicado com um cano passando na sua garganta. Mas fora levado em consideração o que queria ou não que fosse triturado em um liquidificador (eca), na minha situação era fácil manipular as pessoas e fazer exigências porque se era para comer... que fosse o que eu gostava (e como voltar a gostar de comer com papa?!? oÕ).
Mas o dia não passou rápido dessa vez, minha cabeça não trabalha bem com rotina, e era exatamente o que tinha virado. Infernal. Chorei a maior parte do tempo, até que uma acompanhante ao lado veio conversar comigo, Jandira, abracei-a a partir de então como mãe. Ela ficou do meu lado até que conseguisse adormecer, acordei no horário de visitas, com minha mãe me chamando. O rosto parecia mais tranqüilo, e Jandira veio ver como estava e conversar com minha mãe. Nascia ali uma forte amizade, umas das poucas que eu realmente tinha.
15 de novembro de 2008
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